sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Século XIX no Brasil (II)


Século XIX no brasil (II) de Fabiana Alexandre


Curiosidades sobre a obra "A Rabequista Árabe"


"A rabequista árabe", no aniversário de seu autor!
Hoje é o aniversário natalício do pintor Pedro Américo de Figueiredo e Melo (Areia, 29/04/1843 - Florença, 07/10/1905), ou simplesmente Pedro Américo. Sua obra mais famosa é o "Grito do Ipiranga", o enorme quadro sobre a proclamação da Independência do Brasil, hoje no Museu do Ipiranga em São Paulo. Pedro Américo, no entanto, pintou uma obra menos conhecida, porém bastante elogiada na época e sobre um assunto musical e, por isso, a destacamos aqui na MDP do Museu da Música: trata-se de "A rabequista árabe", de 1884.
Óleo sobre tela de 87,6 × 60,0 cm, o quadro encontra-se hoje no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e apresenta uma cena bastante enigmática: uma mulher árabe tocando um instrumento que parece ser uma viola de orquestra ocidental em uma posição não usual para esse instrumento. Mas por que?
Ocorre que, de fato, há um instrumento no Oriente Médio que é tocado com arco e nessa posição: trata-se do 'rebab', cujo nome deu origem à palavra 'rabeca' em Portugal. O rebab na verdade é uma categoria de instrumentos, comum no Oriente Médio, norte da África e Indonésia, que mantém, entre todos, o uso de uma única corda, a utilização do arco com a mão direita e a sustentação do instrumento na mão esquerda em posição vertical, assentado sobre o chão, sobre uma mesma ou sobre a perna do instrumentista.
Aqui vemos músicos da Indonésia e Oriente Médio tocando vários tipos de rebab, na mesma posição da mulher árabe retratada por Pedro Américo. Mas por que o pintor retratou uma viola na mão dessa moça, e não o instrumento árabe? Pode ter sido simplesmente porque o autor não conhecesse o instrumento oriental e usou um instrumento ocidental como modelo, ou até mesmo para forçar uma visão da cultura oriental através de um olhar europeu, o que realmente predominava no ocidente da época. E pode até ser que ele tenha realmente visto essa cena: uma moça árabe tocando uma viola com a técnica do rebab. O fato é que ele decidiu pintar a viola em lugar de um rebab e a pintura acaba nos transmitindo hoje a ideia de que árabes e indonésios tocam viola nessa posição, quando na verdade tocam rebab.